Pacientes com câncer têm quimioterapias e consultas interrompidas por problemas com plano de saúde em Campinas
18/11/2025
(Foto: Reprodução) Pacientes oncológicos relatam dificuldade no acesso a tratamento em convênio da região
Pacientes com diagnóstico de câncer tiveram os tratamentos interrompidos por problemas com o plano de saúde Go Care, em Campinas (SP). Segundo os usuários, consultas, quimioterapias e até cirurgias deixaram de ser realizadas.
Um dos casos é o da paciente Ana Carolina Figueiredo, que venceu um câncer de mama, mas há dois anos voltou a enfrentar a doença, que agora atingiu pulmão e cérebro.
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O tratamento paliativo inclui medicamentos e quimioterapia, mas a sessão do dia 10 de novembro não foi realizada, e não há previsão de quando será.
Ana faz quimioterapia a cada três semanas. Uma mensagem do Hospital do Coração de Campinas, onde realiza o tratamento, informou que cancelou todos os atendimentos do convênio Go Care por "desacordo comercial".
Convênio Go Care, de Campinas (SP), interrompeu tratamento de pacientes com câncer
Reprodução/EPTV
A operadora enviou esse e-mail avisando que uma enfermeira iria oferecer suporte, esclarecer dúvidas e orientar quanto ao direcionamento dos atendimentos conforme disponibilidade de prestadores, mas isso não ocorreu.
"Totalmente sem cobertura. Não tenho médico, não tenho uma resposta para o dia que vou fazer a quimio. Era para eu fazer dia 10. Desde o dia 3 estou procurando uma resposta e eu não consigo", diz Ana.
Situação parecida enfrenta Gilberto Pereira Costa, de 46 anos, que teve diagnosticado um tumor na próstata em maio de 2025. Ele também enfrenta metástase - ou seja, o câncer já se espalhou para outras partes do corpo -, e realizava um tratamento paliativo pela Go Care.
"O tratamento é para ele ter uma melhora de vida. E a médica falou que era fundamental para ele viver mais e viver melhor", ressaltou Elizabeth Barbosa Correa, esposa do Gilberto.
A família do Gilberto também recebeu o aviso do hospital sobre a interrupção do tratamento e, desde então, nem consulta eles conseguem. "Você fica debilitado, sem fazer nada", afirma Gilberto.
Ana Carolina Figueiredo faz tratamento paliativo para o câncer, e teve a quimioterapia interrompida pela Go Care, em Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
Tumor dobrou de tamanho
A farmacêutica Talita Liuzzi descobriu que tem um cânce de mama em setembro. À época do diagnóstico, o tumor tinha dois centímetros. Agora, o último laudo médico aponta que ele já dobrou de tamanho. E a indicação é por um procedimento cirúrgico.
"Descubro agora que eu preciso primeiro fazer uma cirurgia e estou com a guia autorizada, mas não consigo fazer a cirurgia porque eles têm que aprovar um cirurgião plástico que eles não têm e a cirurgia tem que ser simultânea. Eu vou ter que retirar a mama e reconstruir na mesma cirurgia", conta.
Segundo Talira, a aflição é que com os prazos correndo, o tumor segue aumentando. Eu estava com 2 centímetros e agora a palpação está de 4 a 5 centímetros", diz.
Gilberto teve diagnóstico de câncer em maio, mas com o problema da operadora de saúde, nem consulta tem conseguido em Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
O que fazer?
A advogada Beatriz Taglieta, especialista na área da saúde, alerta que como o hospital já vinha realizando o tratamento dos pacientes, não poderia suspender arbitrariamente por conta do desacordo comercial com o plano de saúde. "É completamente abusivo", diz.
Segundo a advogada, os pacientes devem procurar a Justiça tanto contra o plano de saúde como o hospital onde o tratamento era realizado.
"Tanto o plano de saúde quanto o hospital são responsáveis na continuidade do tratamento e da prestação de serviços médicos para esses beneficiários", afirmou.
O que diz a empresa?
Em nota enviada à EPTV, o advogado da Go Care informou que "em nenhum momento houve cancelamento ou interrupção de pagamentos aos prestadores de serviço na comarca de Campinas e na região metropolitana."
Ainda segundo o advogado, a empresa reforça "o compromisso com cada beneficiário" e "a operadora tem cumprido integramente sua missão, garantido a devida assistência", e e "está realizando ajustes em sua rede de atendimento sem qualquer prejuízo ao consumidor".
O Hospital do Coração foi procurado, mas não havia se posicionado até a publicação.
Já a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que a opoeradora tem sido acompanhada de perto em razão de graves problemas de natureza econômica e de natureza assistencial. Denúncias podem ser feitas pelo Disque-ANS, no 0800 701 9656.
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