Em resposta às ameaças de Trump, Lula diz que vai cobrar imposto das empresas americanas de tecnologia
17/07/2025
(Foto: Reprodução) Em resposta à chantagem de Trump, Lula diz que vai taxar gigantes americanas de tecnologia
Nesta quinta-feira (17), Donald Trump divulgou em uma rede social uma carta dirigida ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Trump repetiu que as tarifas que impõe ao Brasil são uma forma de demonstrar que desaprova o julgamento de Bolsonaro - que é réu no STF - Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.
O presidente Lula disse nesta quinta-feira (17) que vai taxar as empresas americanas de tecnologia.
Em um discurso para estudantes em Goiânia, o presidente Lula voltou a criticar os argumentos de Trump para impor o tarifaço ao Brasil. Na carta da semana passada, Trump citou, entre outras questões, supostos ataques à liberdade de expressão no Brasil e censura a plataformas de mídia social dos Estados Unidos. No discurso, Lula disse que não há censura no país e defendeu a regulação das big techs, com cobrança de imposto:
“Ele disse: ‘Eu não quero que as empresas americanas, as empresas de plataforma sejam cobradas no Brasil’. Dizer uma coisa... O mundo tem que saber o seguinte: esse país só é soberano porque o povo brasileiro tem orgulho desse país. E eu queria dizer para vocês que a gente vai julgar e vai cobrar imposto das empresas americanas digitais. Nós não aceitamos que, em nome da liberdade de expressão, vocês fiquem utilizando para fazer agressão, para fazer mentira, para prejudicar, violência contra criança, ódio entre as crianças, violência contra as mulheres, violência contra os negros, violência LGBTQIA+. Ou seja, tudo quanto é tipo de violência”.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, ministro da Indústria e Comércio, segue ouvindo os setores mais afetados pela chantagem de Trump. Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, o tarifaço pode atingir quase 10 mil empresas no Brasil que exportam para os Estados Unidos. Elas empregam mais de 3 milhões de pessoas.
Nesta quinta-feira (17), Alckmin fez uma videoconferência com o setor de tecnologia e representantes da indústria - entre eles, sucroalcooleira, de aeronaves e celulose. A intenção do governo é reverter o tarifaço pela negociação diplomática.
Em resposta às ameaças de Trump, Lula diz que vai cobrar imposto das empresas americanas de tecnologia
Jornal Nacional/ Reprodução
Em entrevista à GloboNews, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que o governo brasileiro começou a negociar com os Estados Unidos no início, assim que Trump anunciou a adoção de tarifas recíprocas:
“Houve sete rodadas de negociações com os Estados Unidos para discutir a questão das tarifas. E, inclusive, no dia 16 de maio, foi mandada uma carta assinada pelo vice-presidente Alckmin e por mim, pedindo resposta às propostas que nós tínhamos feito - porque eles nos pediram propostas. Então, nós fizemos e estamos esperando. É isso. Quer dizer, existe, sim, uma negociação em curso”.
O Senado anunciou nesta quinta-feira (17) os nomes de oito senadores que vão aos Estados Unidos tentar ajudar na interlocução com o Congresso americano. São quatro titulares - Nelsinho Trad (PSD), Tereza Cristina (PP), Jaques Wagner (PT), Fernando Farias (MDB) - e mais quatro suplentes.
Pronunciamento
Presidente Lula em pronunciamento nesta quinta-feira (17)
Jornal Nacional/ Reprodução
Na noite desta quinta-feira (17), o presidente Lula fez um pronunciamento à nação. Por cinco minutos, falou sobre o tarifaço de Trump e voltou a dizer que o país foi surpreendido.
Lula disse que a diplomacia teve mais de dez reuniões com os americanos e que, em maio, enviou uma proposta de negociação, que ainda está sem resposta. Destacou a independência do Poder Judiciário no Brasil e disse que ficou indignado com o apoio de políticos brasileiros aos ataques de Trump.
O presidente disse que a soberania nacional também se aplica à atuação das plataformas digitais estrangeiras; que o Brasil está unido na defesa do país, e citou ação conjunta com a participação da indústria, comércio, serviços, setor agrícola e trabalhadores.
Lula também disse que acusações de práticas comerciais desleais são falsas e defendeu o PIX, que classificou como um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo; e reforçou que o Brasil seguirá apostando nas boas relações diplomáticas e comerciais.
“Se necessário, usaremos todos os instrumentos legais para defender a nossa economia. Desde recursos à Organização Mundial do Comércio até a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional. Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, sem inimigos. Acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre as nações”, disse Lula.
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